segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando olho em teus olhos




Quando olho em teus olhos
Teu olhar encontra o meu
É difícil entender que também por mim
Na cruz foi que morreu.

Carinho, compaixão, misericórdia
Ao auge elevou, e mesmo assim...
Violência: bofetões e cusparadas
Por fim, morte, o sistema te ofertou

Teu projeto de vida, de liberdade
Por vezes ainda é esquecido
Olhando em teus olhos
Percebo ainda que tens sofrido

Tens sofrido no povo que ainda sofre
Na luta pelo pão, pelo trabalho
Por terra, educação, liberdade
Por um digno salário.

Fico irritado, por vezes desesperado
Em cada pessoa que sofre, eu vejo
Tu sendo de novo crucificado
E meus braços ainda cruzados

Olhando em teus olhos, nesta cruz
Te suplico nesta oração
Arranca-me, bom Jesus,
De minha acomodação.

Tornai-me por tua graça, imploro
profeta de verdade, na verdade
com humildade agora oro
não esquecer a caridade.

Olhando agora em teus olhos
Meu coração palpita ainda mais forte
A esperança agora me anima:
A vida venceu a morte!

Dilvano, OSFS

Contemplação sobre o fim do dia


Finda mais um dia, Senhor
Eu contemplo a noite
A noite que já à porta bate
Depois do dia precursor


Tento decifrar, entender
Que sentimento é este
Que a noite me traz
Espero que disso eu seja capaz

Angústia com alegria
Um tanto de solidão
Me recolho então
Em profunda nostalgia

Penso Ti, luz sem fim
Eterna chama viçosa
Te trago dentro em mim
Meu ânimo Tu renovas

Mas gosto de pensar na noite
É bom pensar nas trevas
Para lembrar da claridade que és Tu
Claridade, repito, eterna

Oh noite! Com todo seu mistério!
Que na morte me faz pensar
Misteriosa é a morte, sem critérios
Que um dia vai me arrebatar

Finda o dia e chega a noite
Vontade de chorar
Parece um vazio em meu peito
As lágrimas vou derramar

Escorrem as lágrimas, muitas
A dor também vai saindo
Há quanto tempo não choro
Me torno, de novo, um menino

Agora já sinto bater mais leve
Meu fraco coração
Prossigo contemplando em prece
Te elevo minha oração

Te entrego, Senhor, meu dia
Te oferto meu sono
Confiante agora e assim tranqüilo
Em Ti, somente, me abandono.

Dilvano, OSFS

Andando e amando


Andando e amando...
Pois o andar sem amor é andar sem rumo
Amar sem andar não é de fato amar:
O amor nos faz andar.

Pois, amar é partir primeiro
ao encontro dos necessitados,
na busca do perdão que cura,
na escuta atenta e amorosa
na resposta de uma dúvida.

Para quem ama é dado caminhar
Sem perder a precisão
Pois quem com o amor anda
nunca erra a direção.


Amar é antecipar o céu
É para o céu andar
É elevar a mais bela prece
É com gratidão louvar.

Andar e amar talvez sejam
As duas partes da cruz
Por nós com ela Cristo andou
E por seu amor nos trouxe a luz.

A luz venceu as trevas
Saudemos a ressurreição
Andemos em direção a ela
Amando sem distinção.

Nosso glória é elevado
Àquele que andou primeiro
Ao nosso encontro com amor
Se tornando companheiro.

Dilvano, OSFS.

Amor amar


Amor amar
 
 
Quanto tempo se leva
Pra entender o amor e o amar
Agora divago, a pensar num instante
Como posso entender o amor
Sem pensar em Quem dele é a fonte?
 
A partir d'Ele, Autor-Amor,
Passo a compreender então
E o compromisso se desdobra
O amor é caridade, e esta é
O amor expresso em obra.
 
Dai-me fonte divina
Constância no amor e na lida
Inspira nossos poetas e poetisas
E que na poesia do amor, Tua presença
Faça rima em minha vida.
 
(Dilvano, OSFS)






Lamento por morte do escritor Moacyr Scliar

Manifesto, nesse que é um de meus espaços, minha tristeza e lamento pela morte do doutor e escritor Moacyr Scliar. Perdemos um de nossos grandes médicos e escritores.
Aos familiares, amigos e demais fieis leitores e leitoras de Scliar a minha solidariedade e especiais preces. Deus , pela intercessão de nossa querida mãe Maria, os console e que Moacyr goze da vida definitiva junto de Deus, ele que tantas vidas salvou neste mundo terreno.


Vida e obras:


Moacyr Jaime Scliar nasceu em 23 de março de 1937, em Porto Alegre - seus pais, José e Sara Scliar, de origem russa, chegaram ao Brasil em 1904. Scliar formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo especialista em Saúde Pública e Doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Casou-se com Judith, com quem teve um filho, Roberto.

Autor de mais de 70 livros e eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2003, Scliar publicou sua primeira obra, Histórias de um Médico em Formação, em 1962. Recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, sendo o último, o Jabuti, por Manual da Paixão Solitária, em 2009. Seus livros estão traduzidos em doze idiomas. Entre suas obras mais importantes estão O Ciclo das Águas, A Estranha Nação de Rafael Mendes, O Exército de um Homem Só e O Centauro no Jardim.