quinta-feira, 2 de junho de 2011

Uma Vida em Verso e Canção

(De Ir. Cristina, FMA)



Quando eu era menina
Garotinha em cor de rosa
Enxergava a vida em carrossel
Tudo era colorido e estava em movimento
Do movimento se desprende a canção
A canção que embala a vida
É a vibração da cor embalando o verso

De verso em canção
Vou desenrolando a partitura da vida já escrita
E deixo soar nos ouvidos a melodia antiga
Desprendida da velha amarelada cartilha
Escrita pelas mãos afáveis da doce Senhora
Da qual colhi o saboroso fruto do primeiro saber
E a primeira nota de claridade

Ágil e doce Senhora
Que ensinou-me, além das notas da partitura,
A doçura da melodia
A paixão pelo saber
E inundou meu ser na vibração do conhecer
E a canção enfim subiu de tom
No compasso da paixão pelo ensinar
Quando a batuta ela me alcançou

É quando a infância acaba
E se descortina os primeiros raios de sol da adolescência
É agora que a sinfonia se arrebenta
E já não há mais margens
Porque a criatividade se esparrama
E a gente se pergunta com quais notas preencher a partitura

Jamais quis passar pela sinfonia da vida
Deixando a partitura em branco
Eu queria marcar meu espaço e ainda que em semitom
Fixar uma clave que desse tom a canção
No canto silencioso da partitura
Mas que fosse o segredo da minha melodia
Como perfume de flor
E tempero de mãe

Sem medo de perder a primitiva pauta
Pousei o lápis sobre a intenção de melodia
E larguei corpo e sentimento na aventura do verso
Deixei para trás as notas clássicas da sinfonia
Entrando e saindo do contexto da partitura
Verso imerso em emoção
Saudade da Presença
Toque da ausência
Canção do imprevisto planejado

E agora, na melodia da vida
Quando desafino nas notas mínimas
Perdendo o passo do compasso
Vou superando a nota curta da rotina
Ampliando o repertório da canção.