segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Escolhido nome do programa na Rádio Alternativa 87, 9 FM

Olá amig@s!

Agradeço muito a quem sugeriu nome para o programa que assumo a partir dessa terça, das 17h ás 19h.

O nome que pensamos ser mais de acordo com a proposta ficou: "Fala Comunidade". E amanhã  estreia com entrevista ao Felipe Peixoto que falará sobre o abraço ao Lago Tarumã.

Acompanhem! Para quem está na região da Santa Isabel, Vila Jari, Augusta, Santa Cecília, Vila Gaúcha e demais arredores pode sintonizar FM 87,9. Para quem não está nessa área de abrangência pode acessar pelo site: http://www.alternativaviamao.com/

Meu programa será de segunda a sexta sempre das 17h ás 19h.

Forte abraço!

Dilvano.

dilvano_wb@hotmail.com

* Me adicionem no Facebook, procurem por: Dilvano Westenhofer
e MSN: dilvano_wb@hotmail.com


Novo comunicador na Rádio Alternativa 87, 9 FM





A convite de Gérson Medeiros, assumo na Rádio Alternativa FM 87, 9, a partir dessa terça, dia 13 de setembro, das 17h às 19h, um novo programa. 

Acompanhem! Você que não está na área alegrias...

Para quem não está na área de abrangência da rádio 87, 9 FM  pode ouvir pela internet no site: http://www.alternativaviamao.com/                           Estamos ainda pensando  
um  nome para o programa que terá como convidados lideranças de vários setores da comunidade para partilhar seus problemas, demandas, soluções e  e esperanças...

Você pode sugerir um nome para o programa. Me envie no e-mail: dilvano_wb@hotmail.com
Nomes já sugeridos:

- Fala Comunidade;
- Comunidade;
- Fim de Tarde com a Comunidade;
- Comunidade em pauta;
-Linha Aberta;

Abraços! 

Um olhar da fé sobre o universo


Frei Luiz Carlos Susin
Capuchinho e professor

Em tempos de crise ecológica, aquecimento global e mudanças climáticas, com previsão de catástrofes e muito sofrimento, volta a urgência de uma compreensão, nova e aprofundada, do significado último e do destino, mais ainda, do “governo” do universo. É possível evitar a tragédia de um apocalipse mau e encontrar salvação para o mundo? Só a ciência salva? A teologia da criação é chamada a elaborar uma palavra de verdade.
Quando Abraão, o patriarca bíblico, contemplava o céu bordado com estrelas brilhantes, ele via em todas elas uma promessa de futuro. E enchia-se de confiança. Quando Galileu, por trás de seu grande telescópio, perscrutava os céus em movimento, enchia-se de curiosidade. Ele fazia cálculos: sua linguagem não era a da promessa, era a matemática. Hoje o telescópio espacial Hubble envia à terra fantásticas fotografias, e nelas os cientistas olham e estabelecem o passado do universo, não mais o futuro de uma promessa abraâmica. Essa inversão do futuro para o passado se dá pela substituição de olhar. Mas é necessário que seja assim?

Galileu e Abraão - Ao lado do caminho, junto ao barranco, há uma flor – uma rosa. Passa o cientista e vê: - pétalas avermelhadas. Passa uma florista, preocupada em comprar o leite para as crianças e vê: - dois reais! Passa o poeta e suspira: - beleza! Passa um místico e contempla: Deus! São diferentes olhares e conhecimentos diante da rosa. Alguém está mais certo? Não. São diferentes ângulos da verdade da flor, diferentes linguagens para expressar níveis diversos da sua verdade total. O ponto de vista do conhecedor também decide o modo de conhecimento: a florista vê dinheiro na flor porque ela vende a flor e compra comida. O cientista enxerga a flor como se estivesse no seu laboratório. E por aí vai: a intenção dirige o conhecimento.
É por amor que todas as coisas existem? Não parece, diz um cientista: os biólogos podem constatar que o amor é uma invenção da evolução para suprir a necessidade de nutrição e de cuidados entre mamíferos. Enquanto funcionar o instinto do filhote de se refugiar na mãe para sobreviver, também funciona o instinto materno de proteção e aleitamento. Só os humanos prolongam para além do necessário este amor que se torna cultura, hábito, romantismo. E que, segundo alguns, pode mais atrapalhar do que ajudar na agilidade da vida. Na prática, a nossa cultura de utilizar e descartar, sem poesia e reverência, parece confirmar que não vemos nada de amor sublime nas coisas.
E, no entanto, o evangelho pode nos orientar para outro conhecimento: “Olhem as aves do céu, os lírios do campo: não semeiam, não colhem, mas o Pai é que os alimenta e os veste de cores”. Os evangelhos afirmam: há um Criador, que é Pai cuidadoso. É outro olhar, que descobre um amor gracioso, que não se confunde com instinto temporário, é amor puro e fiel.
Há, portanto, diferentes linguagens e diferentes métodos para o conhecimento do universo, do mundo. (Aqui tomamos as palavras “universo” e “mundo” como sinônimos para facilitar). Podemos, de forma simples, distinguir ao menos três grandes métodos de conhecimento (veja quadro abaixo):

Ciências - Galileu, Descartes e Newton, só para citar três nomes que estão nas origens das ciências modernas, não tinham dificuldade em transitar entre as três formas de conhecimento e de métodos. Galileu era um cientista que mantinha a fé em um Criador do universo. Um cientista não é necessariamente ateu ou agnóstico. Mas não pode misturar os métodos quando está em seu laboratório. Um biólogo desliga seu olhar de cientista quando abraça seu filho recém nascido e se deixa tomar pelo mistério de um amor maior do que mero instinto de nutrição. Quando o salmista olha para o céu, ainda que seja filósofo ou cientista, pode cantar: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande o teu nome em todo o Universo! Plasmastes os céus com dedos de artista!” (Salmo 8, 2;4)
As ciências do século XX, desde a astrofísica até a física quântica, passando pela química das estrelas, pelos fractais e pela fantástica teoria das cordas, pela relatividade do tempo e do espaço etc., descortinaram novidades assombrosas no conhecimento do mundo. Pesquisando os campos térmicos das origens ou o “big-bang” – o ponto inicial de expansão do universo que conhecemos, um pontinho menor que a cabeça de uma agulha já contendo as milhares de galáxias com toda sua energia – e diante da organização de estrelas e vidas desde um grande caos criativo, cientistas, como Ilya Prigogine, prêmio Nobel, sugerem que é necessário uma “aliança de saberes” para que o conhecimento da verdade sobre o universo possa progredir. A isso chamamos hoje “interdisciplinaridade”. No entanto, embora a beleza ou o sentimento de assombro diante de uma foto atual do universo, onde a terra, o sistema solar, a nossa ;Via Láctea, vão desaparecendo como minúsculos grãos na imensidão escura, possa levar o cientista a sentimentos de reverência ou de tremenda solidão e abandono, não pode misturar os métodos. Terá o universo um sentido ou é um absurdo? Tem um Criador ou simplesmente se cria a si mesmo? Estas questões são filosóficas e teológicas. Mas há momentos em que os cientistas se tornam também teólogos, mesmo quando creem que não há um Deus criador.

O mundo em mitos e ritos



Convém, em primeiro lugar, esclarecer o que é um “mito”: é uma narrativa simbólica portadora de sentido humano. Mesmo que conte sobre animais que falam ou acontecimentos fabulosos. Assim, o mito é uma linguagem positiva “que dá o que pensar”, e dá também o que fazer, o que sentir, o que esperar. O mito modela nossos pensamentos, sentimentos, ações e esperanças. Fatos históricos importantes que produzem tudo isso se tornam mitos. Nesse sentido positivo, as narrativas dos evangelhos são o nosso grande mito cristão, o acontecimento que dá sentido, orientação, esperança. Da mesma forma, o “rito”: é uma ação simbólica. Nem sempre nos relacionamos com a água ou com o fogo por alguma utilidade, mas para simbolizar uma vida espiritual nova, pura, brilhante. Então acendemos uma vela, colocamos água sobre a cabeça.
As ciências, até a matemática mais abstrata, também usam símbolos. No entanto, são as tradições religiosas que melhor se expressam em símbolos, em mitos e ritos. Expressam-se também em sabedoria e em conceitos, como a filosofia e as ciências. Mas os grandes modelos “míticos” e as ações rituais que lhe correspondem são linguagens próprias das religiões. Mas também da existência humana: um beijo que toca a água cristalina, um poema às estrelas ou um abraço no aconchego de uma árvore podem valer mais do que muitos discursos sobre ecologia e sobre a criação divina.
Os mitos que estão nas religiões para expressar a criação são chamados de “cosmogonias” – literalmente, a criação do cosmos, da ordem das coisas, do mundo. Em seguida vem o sentido de cada coisa, a justificativa, a vocação e o destino de cada coisa desde a sua origem, o que se chama “etiologia” - literalmente, a “causa”. Por exemplo, o fato (“mítico”) que deu origem ao sofrimento no mundo ou a origem das etnias, dos sexos etc.
Se os mitos modelam o modo de pensar e de viver, modelam também os relacionamentos sociais. O mito ariano de que toda a humanidade surgiu do corpo da divindade suprema “Brahma” modelou a sociedade tradicional de castas na Índia. É que os brâmanes, elite sacerdotal e dirigente, surgiram da cabeça, da boca – segundo eles. Os soldados saíram dos braços, os trabalhadores das pernas, os servos dos pés. E os párias, “dalit”, são os que nem sequer saíram do corpo de Brahma, e por isso são relegados aos piores trabalhos. O mito, assim, justifica uma hierarquia social à qual todos têm que se conformar. As cosmogonias, quando narram a criação através de um acontecimento violento, como, por exemplo, um sacrifício de uma divindade materna para gerar o mundo, são a justificativa para aceitar um mundo em que a violência é criadora e, portanto, justificável. Se há uma violência na criação, então também os rituais ao criador serão violentos, sob a capa de sacrifícios necessários, violência da ordem do mundo. Portanto, o modo como é transmitido um mito de criação não é indiferente. É bom se perguntar: qual é a consequência desse modo de contar as origens?

Do Êxodo libertador ao tempo bom do Sábado



Embora o formato atual da Bíblia comece por dois belos relatos de criação de todas as coisas, os biblistas nos avisam que Israel se interessou primeiro pelas origens do povo. Com algumas memórias e alguns escritos, Israel compôs a narrativa do Êxodo, uma história de saída da escravidão a que estava submetido no Egito, saída em uma noite de Páscoa, na passagem do anjo libertador e na passagem pelas águas do mar Vermelho, depois a passagem pelo deserto, uma viagem e tanto! No Êxodo libertador eles reconheceram um Deus que cria um povo novo e livre, de cabeça erguida para o futuro.
À história do Êxodo foi acrescentada a história dos patriarcas, mais antiga: como alguns nômades, à margem das sociedades poderosas da época, deram corajosamente origem a um povo em que o seu Deus é mais um companheiro do que um soberano, e como ele convida a olhar para o futuro ao invés de ficar preso ao sofrido presente. É que as tribos de Judá e de todo Israel conheceram também o exílio de suas poucas terras, e precisavam recomeçar como seus patriarcas. É então que começam a buscar mais além, no horizonte dessa história de bons e maus momentos, como seria a criação da terra toda e dos céus, dos mares e das estrelas. O Deus de seus pais e de sua libertação da escravidão era, afinal, o Deus criador de todas as coisas, que reina sobre todas as nações. Assim nasceram os relatos da criação.
Como no caso da rosa que tem o olhar de um cientista e revela pétalas, mas quando tem o olhar do poeta revela beleza, também Israel olha a criação com o olhar de sua experiência libertadora do Êxodo, com o olhar do tempo bom que é o Sábado. Assim, os dias e os tempos que se sucedem no primeiro relato da criação se parecem com um êxodo que sai da boca de Deus e vai em direção ao sábado, esse tempo final e feliz para toda a criação. Portanto, o olhar da Bíblia para compreender o sentido religioso do universo é o que lhe aconteceu na história e o que lhe está prometido: tudo terá um bom final, o repouso no abraço da criação com o Criador. Esse “mito” enche de bons sentimentos, de esperança e de vontade de fazer os passos para chegar bem no Dia maravilhoso do Sábado com todas as criaturas.

Primogênito da Criação



O Novo Testamento ganha um lugar para contemplar o universo. Jesus é o “belvedere” do cristão, o coração humano do universo, e nele – humano e divino - toda criatura se une ao Criador. Os cristãos começam a viver num mundo perigoso, que calunia e persegue até a morte os seguidores do manso nazareno. Mas ele é maior do que o universo, e todas as coisas foram feitas por meio dele e para que ele seja reconhecido como a fina flor do universo. Sua mãe, Maria de Nazaré, é também reconhecida como a grande matriarca, rainha do céu e da terra.
Os Atos dos Apóstolos contam: O Espírito de Jesus, em Pentecostes, sopra como nos primeiros tempos da criação, mas agora reunindo todos os povos para inaugurar o sábado cristão: o domingo, e a eucaristia no coração do domingo. É este lugar e este tempo que se tornam o lugar privilegiado para as gerações cristãs confiarem num mundo bom e destinado a Cristo, mesmo quando as aparências tentam desacreditar.

Compreender de modo cristão



A comunidade cristã se confrontou com a crença grega na matéria eterna, tão eterna como a divindade que daria forma à matéria, e com a crença nas divindades opostas de luz e trevas, o bem invisível e o mal visível - o gnosticismo e o maniqueísmo. Isso tinha consequências na fatalidade do destino: poucos seriam participantes da criação boa e luminosa. Mas os pensadores cristãos se abasteceram na Bíblia para afirmar que Deus cria tudo “do nada”, por pura benevolência, como um Pai, único a ter poder criador, e tudo o que existe é bom. O mal deve ser buscado em outra origem, não divina, mas no próprio pecado humano.
Assim nasceu a teologia cristã da criação, retratada no começo do Credo: “Creio em um só Deus, Pai Onipotente, Criador dos céus e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Sem a memória de Jesus, humano e Filho de Deus, e sem a certeza de que o Espírito Santo sopra em todo o universo como acompanhou o povo de Israel pelo deserto no símbolo da nuvem, esse Credo seria impossível. Os cristãos não ficaram imunes ao contágio de um pessimismo em relação às coisas materiais e terrenas, mas o princípio fundamental estava bem colocado. Por isso a teologia cristã da Criação, séculos depois, ganhou um cantor e um padroeiro em São Francisco, que inaugurou a língua italiana com o “Cântico do Irmão Sol”, chamado também “Cântico das Criaturas”.
Deus, uma “hipótese inútil?”



Depois vieram Galileu, Descartes, Newton, e a era dos cientistas modernos. Ficou célebre a resposta de Laplace a Napoleão quando este perguntou onde estava Deus na sua explicação: “Deus? Uma hipótese inútil!” De fato, o universo então parecia uma máquina, um relógio. Os maçons afirmam que ele é o arquiteto, o construtor da máquina. Mas é melhor ficar fora dela.
No século XX, o universo se revelou com tal complexidade e mistério que mais parece uma obra de arte do que uma máquina. Os cientistas honestos vivem perplexos, como o dramaturgo inglês Shakespeare: “Há mais mistério entre os céus e a terra do que pensa a nossa vã filosofia!” A ciência se tornou mais modesta, sabe de seus limites. E sabe que, depois de suas explicações, ficam sempre as perguntas principais: de onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido último de nossa existência e da existência do imenso universo? Absurdo? Mistério? Há um grande amor a envolver até a dor mais profunda do universo, a morte? A teologia, mais uma vez, precisa fazer um grande esforço, com a ajuda da fé e de tanto conhecimento. Aqui, no Correio Riograndense, vamos fazer este esforço em dez passos.