sexta-feira, 3 de junho de 2011

FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: UMA PARCERIA


Lizeli Barboza Scartassini

Professora Especialista em Educação Especial



"A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos que buscam a significação de significados." Paulo Freire
Na visão de Aristóteles, a filosofia tem início com a admiração. Somente quando o homem se depara com o mistério é que ele se sente impelido a averiguar, a questionar, a estar de tal maneira aberto para o real a ponto de jamais se iludir com conceitos já cristalizados pela tradição. Esta é a verdadeira atitude filosófica: saber que o conhecimento de algo nunca é plenamente adquirido. Nada está pronto e/ou definido como verdade absoluta, sendo portanto necessário uma postura não de reverência diante do saber, mas sim de dúvida e um diálogo com tudo aquilo que se pretende aprender e/ou ensinar.Partindo deste pressupostos, Matthew Lipman concluiu que através de um trabalho sistemático com filosofia para crianças, tornar-se-ia possível solucionar muitos problemas enfrentados por estudantes secundaristas e universitários, no que tange ao puro e simples exercício do pensamento em suas múltiplas instâncias. Tais dificuldades não se restringem apenas ao aprendizado da Lógica, mas abrangem desde as ciências exatas até disciplinas humanísticas como História, Geografia e Literatura entre outras. Tudo isto porque os alunos, nas diferentes etapas da sua formação educacional, raramente são motivados a pensar por si mesmos, a duvidar do incontestável e a partir daí tirar suas próprias conclusões. Em suma: os alunos não são encorajados a expôr suas idéias, seus argumentos e inferências simplesmente por não haver espaço para o diálogo na construção do conhecimento dentro dos moldes tradicionais, uma vez que tal construção não é pensada como sendo coletiva e relacional. A filosofia da linguagem é o ramo da filosofia que estuda a essência e natureza dos fenômenos lingüísticos. Ela trata, de um ponto de vista filosófico, da natureza do significado lingüístico, da referencia do uso da linguagem, do aprendizado da linguagem, da criatividade dos falantes, da comprenção da linguagem, da interpretação, da tradução, de aspectos lingüísticos do pensamento e da experiencia. Trata também do estudo da sintaxe, da semantica, da pragmática e da referencia. As principais questões investigadas por está área de estudo são:Como as frases compõem um todo signiticativo? O que é o significado das "partes" (palavras) das frases? Qual a natureza do significado? O que é o significado?O que fazemos com a linguagem? Como a usamos socialmente? Qual sua finalidade?Como a linguagem se relaciona com a mente do falante e do intérprete? Neste caso trata-se de pessoas surdas ou ensurdecidas e difusão de uma linguagem estruturada gestual atraves de cursos ,pesquisas e análises investigativas . Encontramos atualmente um“deserto’’na área em questão,necessitamos então fomentar discussões referentes a este tema, proporcionar a troca de informações e traçar parcerias e metas.
A sala de aula transformada em uma comunidade de investigação é um espaço aberto a trocas e à participação coletiva dos alunos, indistintamente, visto todos se sentirem co-partícipes de um grupo onde ninguém - nem o professor - é possuidor da Verdade, mas cada um contribui com sua parcela individual para o crescimento da comunidade filosófica enquanto totalidade.
Este era o método de Sócrates por excelência. Para ele só havia filosofia mediante debates. Nisto consistia a maiêutica, tão praticada na pólis grega a fim de desenvolver o pensamento e agilizar o raciocínio lógico dos aprendizes. O que posso observar é que quando os surdos dependem apenas de uma mímica, uma linguagem sígnica, aquela inventada no seu meio familiar, estes praticamente não têm nem como narrar nem o que narrar. Contudo, depois de adquirirem a LIBRAS passam não apenas a ter um relacionamento mais intenso com os outros, surdos e ouvintes, como também produzem auto-narrativas, ou seja, ressignificam o passado e passam a contar a própria história.
Esta tarefa, de caráter social e educacional, que deve ser executada para além do curto prazo, dado que se trata da aquisição lingüística, pretende a partir de Palmeira das Missões, chegar a outros municípios.
Não é de minha intenção, contudo, criticar o papel que a escola representa na sociedade e na vida de cada um. Entretanto, cremos, embasados na nossa própria experiência, que na tentativa de homogeneizar os alunos, tratando-os sempre de igual modo, desconsiderando as necessidades diferenciadas de cada um, a escola termina, muitas vezes, por sufocar o que poderia constituir um grande talento, caso houvesse encontrado um ambiente propício ao seu desenvolvimento Metrau2000. Nas pesquisas que encontro observo que as mesmas têm apontado para níveis muito baixos de domínio da língua de sinais (libras),legislação específicas e práticas escolares por parte dos surdos , de professores e dos secretários de educação que atuam diretamente ou indiretamente nas escolas. No entanto, com poucos recursos e num espaço relativamente curto de tempo, um ano letivo, acredito que poderá se reverter em grande medida esta situação nos municípios em que atuo com projetos a nível de pesquisa e com parcerias de diversos segmentos da comunidade.
No meu ponto de vista se a escola abre uma porta, para o aluno de necessidades especiais, pode este entrar ou não em um novo mundo, mas oportuniza aos mesmos a vencer o medo, a dúvida e a angústia de aprender, a ensinar e viver.
As crianças com necessidades educativas especiais que por ventura forem nas salas de aula, devem ser assistidas de uma forma, que possa auxiliar no desenvolvimento das suas habilidades e que realmente seja uma educação inclusiva.