quinta-feira, 10 de março de 2011

Cuidado: o céu pode ser o inferno!

Não faz muito, um amigo me enviou um bonito conto de Paulo Coelho. Transcrevo-o – comentando-o e adaptando-o – para os leitores que não o conhecem.

Um homem caminhava tranquilamente, acompanhado de seu cavalo e de seu cão. Ao passarem perto de uma árvore, aconteceu o pior: caiu um raio e os três morreram na hora.

O pobre homem, porém, não se deu conta de que já tinha deixado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os dois animais. (Às vezes, os mortos demoram certo tempo antes de tomarem consciência da sua nova condição…rsrsrrs).

O sol brilhava intensamente e, colina acima, o caminho se tornava muito longo; os viajantes estavam suados e sedentos. Numa curva do caminho, viram um magnífico pórtico de mármore, que conduzia a uma praça pavimentada, com portais de ouro. O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada e o saudou: «Bom dia! Como se chama este lugar tão bonito?»

«Aqui é o Céu!»

«Que bom termos chegado ao Céu, pois estamos cansados e sedentos!»

«Você pode entrar e beber quanta água queira». E o guardião apontou a fonte.

«Mas o meu cavalo e o meu cão também têm sede...».

«Sinto muito» – respondeu o guarda –, «mas aqui não é permitida a entrada de animais».

Sem nada retrucar, o homem levantou-se com grande desgosto, visto que tinha muita sede, mas não queria beber sozinho. Agradeceu ao guardião e seguiu adiante.

Depois de caminhar um bom pedaço de tempo encosta acima, já exaustos, os três chegaram a outro sítio, cuja entrada era assinalada por uma porta velha, que dava para um caminho de terra ladeado por árvores. À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu. Provavelmente dormia.

«Bom dia!», disse o caminhante.

O homem respondeu com um aceno.

«Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu».

«Há uma fonte no meio daquelas rochas», disse o homem apontando o lugar. «Podem beber toda a água que quiserem».


O homem, o cavalo e o cão foram até à fonte e mataram a sua sede. O viandante voltou atrás para agradecer ao homem.
«Podem voltar sempre que quiserem», respondeu este.

«A propósito, como se chama este lugar?», perguntou o caminhante.

«Céu».

«Céu? Mas o guarda do portão de mármore disse que o Céu era lá atrás!».

«Lá não é o Céu, é o Inferno», explicou a sentinela.

O caminhante ficou perplexo e preocupado: «Deveriam proibir-lhes de utilizar esse nome! É uma informação falsa, que deve provocar muitas confusões!». «De modo nenhum», respondeu o vigia. «Na realidade, eles nos fazem um grande favor, porque ficam ali todos os que abandonam os seus amigos».

Com essa conclusão, Paulo Coelho sintoniza com uma recomendação dada pela Bíblia: «Nunca abandones teus amigos!» (Pr 27,10). Com efeito, para ela, «o amigo fiel é refúgio seguro; quem o encontra, encontra um tesouro. O amigo fiel não tem preço: seu valor é incalculável. O amigo fiel é bálsamo que cura. Quem teme ao Senhor terá amigos verdadeiros, pois tal e qual ele é, assim será o seu amigo» (Eclo 6, 14-17).

Muito acertadas e felizes as palavras do autor sagrado: «Tal e qual ele é, assim será o seu amigo». Seus amigos são o espelho do que você é, pensa e vive! Não era isso que afirmavam os antigos ao advertirem: «Dize-me com quem andas e eu te direi quem és?». Os amigos que escolhemos revelam as opções de vida que fazemos...

Há pessoas que vivem se queixando porque ninguém gosta delas, sem amigos que as compreendam e apoiem. Contudo, o que deveriam é se perguntarem: o que faço eu para ser um amigo de verdade?

Mas, o que significa ser amigo de verdade? Ninguém melhor do que Jesus revelou a resposta certa: «Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que estou pedindo. Já não vos chamo de servos, pois o servo não sabe o que o seu patrão faz. Eu vos chamo de amigos porque vos comuniquei tudo o que recebi de meu Pai» (Jo 15,13-15).

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