quarta-feira, 13 de julho de 2011

Igrejas precisam avaliar os prejuízos gerados pela exclusão das pessoas que vivem com AIDS

08/07/2011 - Em aula proferida nesta sexta-feira, 8, aos estudantes da linha de pesquisa HIV/AIDS do mestrado Profissional em Teologia da Faculdades EST, em São Leopoldo, o pastor anglicano da África do Sul, Mokgethi-Heath, disse que as igrejas não podem mais enxergar as pessoas que vivem com AIDS como pecadoras, mas focar o seu trabalho na tentativa de minimizar os prejuízos históricos gerados pelo pecado da exclusão.


Diretor executivo da Rede Internacional de Religiosos que Vivem com HIV (INERELA), Mokgethi ressaltou que as comunidades de fé enfrentam dificuldades em lidar com o HIV na medida em que não reconhecem o tema como um problema a ser enfrentado pelas igrejas, mas sim pelo campo da medicina e setores governamentais.

“Nas comunidades ainda prevalece o discurso de que ninguém ali vive com AIDS e de que essa é uma problemática distante do seio da igreja”, pontuou.

Portador do vírus HIV, o pastor sul-africano recordou que após sermão realizado na Namíbia no qual tratou sobre a temática, falando sobre sua própria condição, um grupo de jornalistas o aguardava na porta do templo. “Eles não queriam saber qual era o meu nome, mas sim como eu havia sido contaminado”, relatou Mokgethi, ao afirmar que o julgamento das pessoas em relação ao HIV sempre está relacionado ao sexo promíscuo.

Mokgethi relatou ainda o caso de um jovem pastor africano do qual foi exigido um parecer médico atestando que ele havia sido contaminado com o vírus HIV através de transfusão de sangue. “Somente com esse atestado ele seria considerado puro entre os membros da sua comunidade”, frisou.

Em Botswana, país da África Austral, o índice de pessoas infectadas pelo HIV chegou a 41% da população. “As pessoas morriam como moscas neste país de 2 milhões de habitantes”, disse Mokgethi, até que o governo decidiu oferecer tratamento gratuito de qualidade a todos os afligidos pela doença. Em decorrência do estigma, das 260 mil pessoas que precisavam de tratamento imediato naquele país, menos de 8 mil buscaram os postos de saúde. 

“Mesmo com todo o incentivo, as pessoas de Botswana continuavam morrendo e os remédios nas estantes perdiam a validade”, disse o palestrante. Hoje, 150 mil pessoas estão em tratamento neste país, que conseguiu diminuir consideravelmente os índices de infecção por HIV.

Com mais de 10 mil membros, INERELA é uma rede que conta com a presença de cristãos das Américas, Europa, Ásia e África.   

Foto: Da esquerda para a direita: a advogada Zanele Mbuyisa, a professora Dra. Valburga Streck e o pastor anglicano Mokgethi-Heath.

Jornalista Responsável:
 Micael Vier Behs

Fonte: 

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