Diretor executivo da Rede Internacional de Religiosos que Vivem com HIV (INERELA), Mokgethi ressaltou que as comunidades de fé enfrentam dificuldades em lidar com o HIV na medida em que não reconhecem o tema como um problema a ser enfrentado pelas igrejas, mas sim pelo campo da medicina e setores governamentais.
“Nas comunidades ainda prevalece o discurso de que ninguém ali vive com AIDS e de que essa é uma problemática distante do seio da igreja”, pontuou.
Portador do vírus HIV, o pastor sul-africano recordou que após sermão realizado na Namíbia no qual tratou sobre a temática, falando sobre sua própria condição, um grupo de jornalistas o aguardava na porta do templo. “Eles não queriam saber qual era o meu nome, mas sim como eu havia sido contaminado”, relatou Mokgethi, ao afirmar que o julgamento das pessoas em relação ao HIV sempre está relacionado ao sexo promíscuo.
Mokgethi relatou ainda o caso de um jovem pastor africano do qual foi exigido um parecer médico atestando que ele havia sido contaminado com o vírus HIV através de transfusão de sangue. “Somente com esse atestado ele seria considerado puro entre os membros da sua comunidade”, frisou.
Em Botswana, país da África Austral, o índice de pessoas infectadas pelo HIV chegou a 41% da população. “As pessoas morriam como moscas neste país de 2 milhões de habitantes”, disse Mokgethi, até que o governo decidiu oferecer tratamento gratuito de qualidade a todos os afligidos pela doença. Em decorrência do estigma, das 260 mil pessoas que precisavam de tratamento imediato naquele país, menos de 8 mil buscaram os postos de saúde.
“Mesmo com todo o incentivo, as pessoas de Botswana continuavam morrendo e os remédios nas estantes perdiam a validade”, disse o palestrante. Hoje, 150 mil pessoas estão em tratamento neste país, que conseguiu diminuir consideravelmente os índices de infecção por HIV.
Com mais de 10 mil membros, INERELA é uma rede que conta com a presença de cristãos das Américas, Europa, Ásia e África.
Foto: Da esquerda para a direita: a advogada Zanele Mbuyisa, a professora Dra. Valburga Streck e o pastor anglicano Mokgethi-Heath.
Jornalista Responsável: Micael Vier Behs
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário